CELEBRAÇÃO

Faz um século, hoje, que o hino nacional do Brasil foi oficializado

6 SET 2022 • POR Meio Norte • 11h03

A oficialização do Hino Nacional Brasileiro está completando hoje um século. Foi no dia 6 de Setembro de 1922 que a letra, na forma como hoje a conhecemos, tornou-se oficial, para celebrar o Centenário da Independência do Brasil, que ocorreria no dia seguinte, 7 de Setembro. A melodia do Hino Nacional foi composta por Francisco Manuel da Silva, em 1931, por ocasião da abdicação de Dom Pedro I, e a letra escrita por Joaquim Osório Duqe-Estrada, em 1909, mas só passou a valer de verdade em 1922.

Em 7 de abril de 1831, d. Pedro I abdicou do trono brasileiro, e, como forma de celebrar esse acontecimento, o compositor Francisco Manuel da Silva decidiu criar uma canção que ficou conhecida como “Hino ao 7 de abril”. A composição de Francisco Manuel foi acompanhada de duas letras diferentes ao longo do período imperial.

A primeira letra é de 1831 e foi criada por Ovídio Saraiva de Caravalho, um juiz que a escreveu com base em um sentimento antilusitano. A segunda letra é de 1841, de autor desconhecido, e passou a ser utilizada em homenagem à coroação de d. Pedro II. Essa última só era cantada por artistas profissionais que dominassem técnicas de canto e só era executada em teatros.

Em 15 de novembro de 1889, aconteceu no Brasil a Proclamação da República, evento que colocou fim na monarquia brasileira. Esse evento, tido pelos historiadores como um golpe, deu início a profundas transformações em nosso país. Os símbolos nacionais, naturalmente, sofreram modificações porque o novo governo desejava apagar as referências existentes ao antigo regime.

Prédios públicos tiveram seus nomes alterados, assim como ruas; a Bandeira Nacional foi modificada, mantendo o seu esqueleto original, mas com a ausência do símbolo monarquista nela. No caso do Hino Nacional, decidiu-se por realizar um concurso para escolher a melodia que acompanharia os versos do poeta Medeiros e Albuquerque.

O concurso recebeu 29 composições, com um vencedor que seria divulgado em janeiro de 1890. Entretanto, iniciou-se uma campanha encabeçada por alguns intelectuais para impedir que o concurso elegesse o novo hino. Um dos representantes dessa oposição foi Oscar Guanabarino, que argumentou que o hino existente era tradicional e havia liderado o país em glórias expressivas, como as vitórias militares na Guerra do Paraguai.

Deodoro da Fonseca, presidente do governo provisório, foi convencido, e a composição criada por Francisco Manuel da Silva foi mantida como a melodia do nosso Hino Nacional. O resultado do concurso fez com que a melodia de Leopoldo Miguez fosse a vencedora, e, por meio do Decreto nº 171, de 20 de janeiro de 1890, foi determinado que a composição de Miguez se tornaria o Hino da Proclamação da República. Esse decreto também oficializou a manutenção da composição de Francisco Manuel da Silva.

Assim, no período republicano, o Hino Nacional manteve-se apenas como uma composição instrumental, pois não possuía letra. A partir de 1906, o maestro Alberto Nepomuceno passou a envolver-se com a elaboração de uma letra para o hino.

Em 1909, ele mobilizou seu amigo, o poeta Joaquim Osório Duque-Estrada, para escrevê-la. Como resultado disso, sua letra, produzida ainda naquele ano, popularizou-se, mas não foi oficializada pelo governo brasileiro. Ainda assim, o governo decidiu pagar cinco contos de réis ao poeta como recompensa.

O centenário da independência criou as condições políticas para que a letra de Osório Duque-Estrada fosse oficializada como parte do Hino Nacional, pois não havia tempo para um novo concurso.

Assim foi emitido o Decreto nº 15.671, em 6 de setembro de 1822. Por meio dele, o governo de Epitácio Pessoa comprou definitivamente a letra, pagando mais cinco contos de réis para Osório Duque-Estrada, e tornou-a oficialmente parte do Hino Nacional do Brasil.