NO JALAPÃO

Arara é encontrada morta com marcas de tiro em comunidade quilombola

4 OUT 2022 • POR G1 Tocantins • 08h13
Arara encontrada morta em plantação de frutas na comunidade Carrapato - Divulgação

Os moradores do quilombo Carrapato, localizado na zona rural de Mateiros, no Jalapão, começaram a semana com uma triste notícia. Uma arara-canindé foi encontrada morta com marcas que podem ter sido provocadas por disparo de arma de fogo e isso deixou um sentimento de revolta.

Para piorar a situação, eles acreditam que o animal morto pode ser Nina, a arara que mesmo livre, convivia há pelo menos quatro anos perto dos moradores, dos restaurantes e sempre se aproximava dos turistas.

Ana Cássia Marques de Souza, de 37 anos, é dona de um restaurante perto da comunidade e conta que Nina está desaparecida deste o final da tarde de domingo (2). Segundo as informações que recebeu do pessoal da comunidade, Nina foi vista pela última vez próximo ao local onde a arara foi encontrada morta, na manhã de segunda-feira (3).

"Por volta das 9h40 recebi a mensagem e a angústia começou a tomar conta de mim. Comecei a divulgar nos grupos para ver se alguém tinha notícias dela. Ainda é um mistério enorme o que aconteceu", contou Ana Cássia.
Ela contou também que ultimamente a arara estava indo muito para cidade de duas formas: voando ou em cima de carros.

A estudante Denisa Matos da Silva praticamente cresceu com a Nina. Ela tem 16 anos e contou que sempre acordava com a arara entrando em seu quarto. No final da tarde de domingo, Nina chegou a deitar no colo do pai de Danisa. Pouco depois ela saiu voando e não foi mais vista.

"É muito difícil. Ela era muito apegada comigo. Todos os dias ela entrava no meu quarto. Quando eu acordava ela saía voando. Ela ficava no mato o tempo todo. Nem quis ir lá para ver se era realmente ela", lamentou a jovem aos prantos, pensando na possibilidade do corpo da arara ser da amiga de tantos anos.

Segundo a comerciante, a arara Nina nunca desapareceu por tanto tempo nos quatro anos que convive com os moradores da comunidade Carrapato. Ela e outros moradores estão se mobilizando para que, mesmo que não seja a Nina, esse crime não fique impune.

Ana Cássia disse que acionou a Polícia Militar Ambiental e que os moradores que encontraram o corpo da arara avisaram o Naturatins sobre a morte da arara. Toda a comunidade também está fazendo uma mobilização através das redes sociais para denunciar o crime ambiental.

O g1 pediu informações para a Polícia Militar (PM) sobre o caso e aguarda retorno.

O que diz a lei

Segundo o artigo 29 da Lei de Crimes Ambientais, matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente pode ser penalizado com prisão de seis meses a um ano, além de pagamento de multa.

A pena pode ficar maior ainda se o crime ocorrer, entre outros pontos, durante a noite e com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa.