Beatriz Souza conquista a primeira medalha de ouro do Brasil em Paris
3 AGO 2024 • POR • 10h47
Em Paris, o primeiro ouro brasileiro é de uma estreante em Jogos Olímpicos.
Olhares podem dizer tanto quanto palavras. Um da Beatriz Souza soou como "está tudo sob controle". Em seguida, a brasileira, quinta do ranking mundial, partiu para a primeira luta do dia, contra a nicaraguense Izayana Marenco. Ippon! Vitória em 41 segundos. Para poupar energia para o que viria a seguir.
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A sul-coreana Kim Heyun, número quatro do ranking mundial, fugia das mãos da Bia de todas as formas. Tentava provocar punições à brasileira, mas também levava. Irritava a treinadora do Brasil, a campeã olímpica Sarah Menezes. Já Bia permanecia serena, até mesmo quando aplicou um golpe mal interpretado pela arbitragem. O juiz deu ippon a favor da sul-coreana. A correção veio de fora, após a análise do vídeo. Vitória para a brasileira. E esse perde e ganha rendeu um primeiro e discreto sorriso.
Discrição não era o forte da torcida. Afinal, era um dia de festa armada para os franceses. Com astros do esporte, do cinema e até o presidente Emmanuel Macron por ali. No masculino, queriam ver o lendário Teddy Riner, responsável por acender a pira olímpica. O Teddy admitiu que a pressão sobre eles estava grande nesta sexta-feira (2).
O brasileiro Rafael Baby sonhava com um confronto com Teddy Riner, mas foi eliminado antes, por Ushangi Kokauri, do Azerbaijão. Já o francês superou a pressão e se tornou tricampeão olímpico.
A pressão de enfrentar um francês, Bia viveu na semifinal, contra Romane Dicko, número um do mundo. Mas encarou com o mesmo olhar sereno e a mesma força de outros combates. Ippon por imobilização e um outro sorriso surgiu.
Faltava uma luta para o ouro. Raz Hershko, de Israel, foi a adversária da final. De cara, tomou um waza-ari da Bia. Uma dica que ela recebeu do técnico Leandro Guilheiro um pouco antes da luta. Se não fosse a agilidade da brasileira para cair de frente, a israelense poderia ter empatado com um golpe. Mas Beatriz Souza tinha um plano.
“Já vim com estratégia montada de casa. Já foi tudo alinhado tanto no clube quanto com a Sarinha, e era focar nisso e manter”, conta Beatriz Souza, medalhista de ouro no judô.
Ela administrou a vantagem e, enfim, conquistou a medalha de ouro para o Brasil.
Após a vitória sobre a israelense, aquela judoca serena deu lugar a uma Bia emotiva, eufórica. Medalha de ouro na primeira participação em Jogos Olímpicos da carreira. Ainda longe da família, que vive em São Paulo. Mas nada que a tecnologia não possa resolver.
Repórter: Segura o telefone, pega o fone para você falar com sua família.
Beatriz Souza: Deu certo, mãe. Pai, eu consegui. Se eu consegui, eu consegui, foi pela vó. É para a vó, mãe. Eu amo vocês mais que tudo.
A avó é a Brecholina Rodrigues da Silva, que morreu há menos de dois meses. Nesta sexta-feira (2), as lágrimas dessa família da Baixada Santista tiveram outro sentido. O luto virou orgulho e felicidade.
"Pôs assim no coraçãozinho dela a avó e continuou ali para dar esse melhor. É um momento especial para ela. E a Beatriz merece", diz Solange Rodrigues Souza, mãe de Beatriz Souza.
A filha mais famosa agora está no topo do mundo do judô. E vale o registro: derrubou as outras três medalhistas olímpicas do pódio para chegar lá no alto.
"E sair grandiosa em cima de todas elas é mágico”, comemora.
A Bia conseguiu o que apenas Sarah Menezes, Rafaela Silva, Rogério Sampaio e Aurélio Miguel tinham conseguido para o judô brasileiro: o ouro olímpico.
"É o meu dia! Eu sou campeã olímpica", comemora Beatriz Souza.
*G1 Globo