Empresário é preso em operação da PF no TO que investiga suposto desvio de dinheiro
22 AGO 2024 • POR • 10h15O empresário Joseph Madeira foi preso durante operação da Polícia Federal (PF) que investiga supostos desvios de dinheiro para compra de cestas básicas na pandemia. Ele é um dos alvos da investigação para mandado de busca e apreensão, mas acabou sendo preso por não estar com um aparelho celular que seria apreendido, conforme informou a próprio advogado de defesa de Joseph. O governador Wanderlei Barbosa, dois filhos dele e a primeira-dama também são investigados.
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A operação Fames-19, autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e deflagrada na manhã desta quarta-feira (21), tinha o objetivo de cumprir 42 mandados de busca e apreensão e outras medidas cautelares patrimoniais. O motivo de Joseph ser alvo da investigação não foi informado, já que o inquérito está sob sigilo.
Joseph é empresário e escritor. Atualmente ocupa a presidência do Sindicato das Empresas de Segurança Privada, de Transporte de Valores, de Cursos de Formação e de Segurança Eletrônica do Estado do Tocantins (SindespTO) e da Associação Comercial de Palmas (Acipa).
De acordo com o advogado Antonio Ianowich, que defende o empresário, a prisão ocorreu porque, durante cumprimento de mandado de prisão, os policiais não encontraram o celular pessoal de Joseph. Por esse motivo, a autoridade policial deu voz de prisão ao empresário. A ação foi considerada pelo advogado um ato de 'abuso de poder'.
O advogado afirmou ainda que no início das buscas, Joseph não estava em sua casa e assim que foi contatado pelo delegado, colaborou com o cumprimento da ordem judicial. O aparelho celular em questão ficou em posse dos advogados do empresário, que se comprometeram a entregar às autoridades judiciárias.
Joseph passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) de Palmas e foi levado para o presídio de Palmas.
A Secretaria de Cidadania e Justiça foi questionada pela imprensa sobre qual unidade ele foi levado, mas a pasta explicou que "por questões de segurança não repassa informações acerca de custodiados". A Polícia Federal foi questionada para se posicionar sobre o relato da defesa de Joseph, e aguarda resposta.
Investigação
A Polícia Federal informou que a investigação apura desvio de recursos públicos por meio da distribuição de cestas básicas, durante a pandemia de COVID-19. Wanderlei era vice-governador na época do suposto esquema, entre 2020 e 2021.
São cumpridos 42 mandados de busca e apreensão e outras medidas cautelares patrimoniais. Entre os outros alvos estão políticos e empresários. O objetivo é aprofundar investigações relacionadas ao pagamento a empresas contratadas para o fornecimento de cestas básicas.
Segundo a PF, há fortes indícios da existência de um esquema montado entre os anos de 2020 e 2021, utilizando-se do estado de emergência em saúde pública e assistência social, para contratação de grupos de empresas previamente selecionadas para o fornecimento de cestas básicas.
As empresas teriam recebido a totalidade do valor contratado, porém entregariam apenas parte do quantitativo acordado.
A operação foi chamada de Fames-19 em referência à insegurança alimentar ocasionada pela pandemia de COVID-19. Fames, significa fome em latim e 19 faz alusão ao ano em que a doença foi descoberta
Veja nota da defesa de Joseph Madeira:
O delegado de polícia federal Daniel César do Vale em total despreparo e abuso de autoridade transferiu sua incompetência nas diligências desta data para o senhor Joseph Madeira, pois ao não encontrar o celular pessoal do Senhor Joseph e o mandado ser muito claro que caberia ao delegado apreender o que encontrasse, deu voz de prisão ilegalmente e em claro crime de abuso de autoridade ao empresário sobre o argumento fraudulento e visando mascarar a sua incompetência e inexperiência por suposta obstrução, ressalte-se que o empresário não se encontrava em sua residência quando do início das buscas, foi contatado pelo delegado e prontamente se deslocou até sua residência com seus advogados em clara demonstração de responsabilidade e disposição em colaborar, seu celular pessoal ficou em posse de seus advogados que se comprometeram a entregar o aparelho as autoridades judiciárias. Temos a certeza que a arbitrariedade do delegado que demonstrou despreparo e desprezo aos direitos constitucionais do empresário serão prontamente corrigidos pelo judiciário e tomaremos todas as medidas para responsabiliza-lo pelos abusos cometidos. Antonio Ianowich - Advogado
O que dizem os citados
Wanderlei Barbosa afirmou que, na época, não dava ordens sobre nenhuma despesa relacionada à distribuição das cestas. Ele era vice-governador no período do suposto esquema, entre 2020 e 2021 O governo do Tocantins afirmou que colabora com as investigações (veja íntegra da nota abaixo).
Karynne Sotero, primeira-dama e secretária extraordinária de Participações Sociais, afirmou em nota "recebeu com espanto e perplexidade a notícia de que é alvo de busca e apreensão" (veja íntegra da nota abaixo).
O Sebrae-TO disse que contribui para apresentar todas as informações de forma transparente a respeito da Operação Fames-19 e destacou que no período investigado o atual superintendente, Rérison Antônio Castro, não fazia parte do corpo técnico do Sebrae. Ele disse em nota que recebeu "com absoluto espanto" a notícia que era alvo de um mandado de busca e apreensão em relação ao suposto desvio de cestas básicas e que segue à disposição da Justiça para prestar os esclarecimentos. (Veja a nota completa abaixo)
O deputado estadual Léo Barbosa (Republicanos) disse que prestou os esclarecimentos necessários à polícia e que não imaginava que "o consórcio informal de R$ 5 mil poderia gerar tamanho transtorno". (Veja a nota completa abaixo)
Veja íntegra da nota de Wanderlei Barbosa
O Governador Wanderlei Barbosa informa que recebeu com surpresa, porém com tranquilidade, a operação ocorrida nesta manhã, sobretudo porque na época dos fatos era vice-Governador e não era ordenador de nenhuma despesa relacionada ao programa de cestas básicas no período da pandemia.
“Como todos já sabem, a única alusão ao meu nome em toda essa investigação foi a participação num grupo de consórcio informal de R$ 5.000,00 com outras 11 pessoas, no qual uma delas era investigada.”
Ressalta ainda que deseja a apuração célere e imparcial dos fatos, pois está confiante na sua inocência e na Justiça, estando sempre a disposição para colaborar com as investigações.
Veja íntegra da nota do governo do Tocantins
O Governo do Estado Tocantins informa que colabora com a Polícia Federal no cumprimento dos mandados de busca e apreensão realizados na manhã desta quarta-feira, 21, referente a Operação Fames-19, que investiga supostos desvios na compra de cestas básicas nos anos de 2020 a 2021. É do interesse do Governo do Estado que tais fatos sejam devidamente esclarecidos.
Veja a íntegra da nota de Léo Barbosa
Sobre a operação da Polícia Federal desta quarta-feira, 21, informo que prestei todos os esclarecimentos necessários e sigo colaborando com as investigações.
Nunca imaginei que uma modalidade de consórcio informal de R$ 5.000,00, do qual eu fazia parte com outras 11 pessoas poderia gerar tamanho transtorno e embaraço jurídico. Já forneci a Justiça todos os elementos que demonstram a minha inocência. Tenho certeza que no transcorrer do processo isso ficará provado.
Sigo confiante na Justiça e nas instituições democráticas e desempenhando normalmente o meu trabalho como deputado estadual mais votado do Tocantins.
Veja a íntegra da nota da primeira-dama Karynne Sotero
A Primeira-Dama e secretária extraordinária de Participações Sociais Karynne Sotero recebeu com espanto e perplexidade a notícia de que é alvo de busca e apreensão uma vez que não faz parte do processo investigatório e sequer é citada.
Esclarece ainda que não era sequer primeira-dama do estado a época dos fatos investigados. Ressalta que está tranquila em relação ao desenrolar da investigação e confiante na Justiça.
Veja a íntegra da nota do Sebrae
O Sebrae Tocantins esclarece que não está medindo esforços com intuito de apresentar todas as informações de forma transparente a respeito da Operação Fames-19. Importante destacar que no período investigado o atual superintendente, Rérison Antônio Castro, não fazia parte do corpo técnico do Sebrae.
Veja a íntegra da nota de Rérison Castro
Recebi com absoluto espanto a notícia que esta manhã fui alvo de um mandado de busca e apreensão em relação ao suposto desvio de cestas básicas.
Na época eu era presidente da Agência Estadual de Metrologia e nunca tive qualquer relação com aquisição, licitação ou distribuição de cestas básicas.
Assim como meu pai, o governador Wanderlei Barbosa, a minha única relação como qualquer pessoa citada neste processo é um consórcio informal de R$ 5.000,00 e que absolutamente nada tem a ver com o caso investigado.
Sigo à disposição da Justiça e das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos sobre o assunto e permaneço confiante que a verdade virá a tona.
*G1 Tocantins