Governador Wanderlei comenta atrito entre polícias após PMs serem afastados em operação
19 OUT 2024 • POR • 11h18Durante o anúncio do concurso da Polícia Civil, o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) comentou o atrito entre as polícias após operação que afastou cinco PMs, suspeitos de matar Jaimeson Alves da Rocha e supostamente forjar uma troca de tiros. Segundo ele, o Estado precisa de união entre as forças de segurança.
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"Nós queremos que as coisas aconteçam, nós queremos a união das forças. Claro, se a Justiça determinar que a polícia tem que entrar em qualquer ambiente, tem que entrar. Essa sempre foi uma orientação do nosso governo e nós respeitamos. E vamos trabalhar de maneira cada vez mais unida, mais transparente. A transparência do nosso governo ela é grande, tanto é que ela permite que as coisas aconteçam, que o próprio governo seja investigado".
Na última terça-feira (15), a Polícia Civil cumpriu 14 mandados de busca e apreensão contra cinco policiais da Rondas Ostensivas Táticas Metropolitana (Rotam) e um agente da Guarda Metropolitana de Palmas. Os PMs foram afastados e tiveram as armas recolhidas, além da determinação da suspensão do porte de arma e o uso de tornozeleiras eletrônicas.
Depois da operação, a Polícia Militar publicou duas notas sobre o caso. Na primeira, afirmou que colaborou com os mandados e lamentou o pedido de busca e apreensão nas dependências do quartel, pois as armas e os depoimentos dos policiais foram colhidos no ato da apresentação da ocorrência na delegacia (veja a íntegra no fim da reportagem).
Na segunda nota, a PM afirmou "preocupação com a condução de certos aspectos do inquérito, observando que manifestações de opinião pessoal por parte da autoridade responsável podem comprometer a imparcialidade e a seriedade da investigação" (veja a íntegra no fim da reportagem).
A Secretaria de Segurança Pública não comentou as afirmações da Polícia Militar.
O governador diz que busca um trabalho de coerência tanto para a segurança pública como para outras partes do governo.
"Nós não queremos também os absurdos que as vezes acontecem. As vezes acontecem absurdos e nós não podemos permitir que isso aconteça. As vezes uma investigação ela perde o foco, perde o rumo, perde o direcionamento e acusa as pessoas inocentes. Isso é ruim. Nós queremos um trabalho de coerência de todas as pessoas, tanto da segurança pública, como do nosso governo."
— Wanderlei Barbosa
Morte de homem é investigada
Jaimeson Alves da Rocha morreu durante uma abordagem da Rotam no dia 18 de junho deste ano, em uma oficina mecânica localizada no Jardim Aureny III, região sul de Palmas. Ele tinha uma extensa ficha criminal. As investigações da Polícia Civil apontaram que a morte, supostamente, teria sido motivada por uma desavença entre ele e policias militares, ocorrida no fim de 2023.
Homem morre após troca de tiros com a Rotam na região sul de Palmas — Foto: Divulgação/Kaliton Mota/TV Anhanguera
Na representação da polícia, é descrito que os investigados teriam vigiado Jaimeson durante nove dias, por meio de um sistema de monitoramento de trânsito que usa câmeras e radares. Por meio do Reconhecimento Óptico de Caracteres é possível mapear o trajeto de veículos a partir de imagens, usar filtros para que o programa verifique uma placa, modelo e cor de carro ou moto, além de criar um alerta sempre que o veículo for visto.
As investigações também apontam que no momento da abordagem houve duas 'ondas' de tiros. Segundo uma testemunha, na primeira ela teria escutado três disparos e na segunda mais três. A diferença de uma para outra foi de aproximadamente 50 segundos. Para a polícia, é na segunda etapa dos disparos que os policiais teriam realizado movimentações suspeitas indicando que não houve um confronto.
As investigações também apontam que a execução seria parte de um ritual de batismo e que crimes dessa natureza ocorriam para receber novos integrantes nas divisões especiais da corporação
O que dizem os advogados dos policiais e do guarda metropolitano
O advogado Paulo Roberto, que se identificou como defensor dos cinco policiais militares, afirmou que ainda não teve acesso aos autos "tão logo eu tenha acesso a todos os elementos do processo, informo quais serão as atitudes que tomaremos".
O advogado João Fernando, que se identificou como advogado do guarda metropolitano, afirmou que ainda não teve acesso integral ao inquérito e que só se manifestará após o acesso integral ao conteúdo.
O que dizem a Polícia Militar e a Prefeitura de Palmas
Primeira nota da Polícia Militar
Polícia Militar do Tocantins tomou conhecimento de que na manhã desta terça-feira, a Polícia Civil esteve no Quartel do Batalhão de Polícia de Choque (BPCHOQUE) para cumprimento de mandados de busca e apreensões em armários de cinco policiais que estão sendo investigados pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoas (DHPP), por terem, segundo investigações consignadas em Inquérito Policial, praticado homicídio contra um indivíduo, na região Sul da capital Palmas, em junho deste ano de 2024, durante um cumprimento de mandado de prisão por crimes de tráfico, roubo, porte ilegal de armas e associação ao tráfico.
A PMTO colaborou com os trabalhos do cumprimento de mandados de buscas e apreensões, por meio da Corregedoria, e acompanhou o cumprimento da ordem judicial, com um oficial presente em todos os locais que foram alvos da operação.
A Polícia Militar lamenta o pedido do Delegado que preside o Inquérito da busca e apreensão nas dependências do Quartel, haja vista que as armas e os depoimentos dos policiais foram colhidos no ato da apresentação da ocorrência na Delegacia de Polícia (Depol).
Na oportunidade, a Polícia Militar do Tocantins ratifica seu compromisso com a legalidade e reforça o seu compromisso com a lei, a ordem e a ética, destacando ainda que repudia ilações ou suposições que envolvem o caso veiculadas sem a devida comprovação e que irá colaborar no que for necessário durante as investigações.
Segunda nota da Polícia Militar
A Polícia Militar do Tocantins, por meio desta, vem esclarecer que a Instituição respeita as investigações em curso e apoia a apuração ilibada dos fatos sobre a ocorrência que culminou na morte de um indivíduo com extensa ficha criminal em uma oficina de motocicletas da capital. A PMTO está comprometida com a apuração transparente e justa dos fatos.
No entanto, a Instituição manifesta preocupação com a condução de certos aspectos do inquérito, observando que manifestações de opinião pessoal por parte da autoridade responsável podem comprometer a imparcialidade e a seriedade da investigação, além de gerar interpretações equivocadas que enfraquecem a segurança pública e favorecem o crime.
A Polícia Militar reafirma seu compromisso com a legalidade, ética e defesa da ordem pública no estado. A Instituição permanece à disposição para cumprir todas as medidas judiciais que se fizerem necessárias, sempre em estrito respeito às normas legais e constitucionais.
Nota da Prefeitura de Palmas
A Prefeitura de Palmas, por meio da Secretaria de Segurança e Mobilidade Urbana (SESMU), informa que desde que teve conhecimento da investigação está colaborando com a Polícia Civil no caso do suposto envolvimento de um agente da Guarda Metropolitana de Palmas que culminou na morte de uma pessoa no bairro Jardim Aureny III, em junho deste ano. Contudo, a SESMU não teve acesso à íntegra dos autos, mas, sendo confirmada a participação do agente, a pasta tomará todas as medidas cabíveis para apurar possíveis desvios de conduta e aplicar as sanções dentro do que determina a legislação. Cumpre ressaltar que a gestão permanece à inteira disposição das autoridades policiais para quaisquer esclarecimentos ou envio de informações.
*G1 Tocantins