AGRONEGÓCIO

SRA defende boicote contra Atacadão e Carrefour após veto de carnes do Mercosul

26 NOV 2024 • POR Da Redação • 11h32
Frigoríficos anunciaram suspensão das vendas de carnes ao Carrefour no Brasil após polêmica com executivo do grupo na França - José Fernando Ogura/AEN

O recente boicote anunciado pelo Carrefour e Atacadão em relação às carnes produzidas no Mercosul, incluindo as do Brasil, gerou indignação entre instituições, frigoríficos e parlamentares. No Tocantins, o Sindicato Rural de Araguaína repudiou veementemente as declarações do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, reforçou a importância do agronegócio na região e conclamou a população a não fazer compras nas lojas do grupo até a empresa manifeste uma retratação pública. 

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ENTENDA O CASO

Na última quarta-feira (20), o executivo global do grupo,  Alexandre Bompard, disse que as lojas do Carrefour localizadas na França não iriam mais vender carnes produzidas pelos países do Mercosul, sobretudo do Brasil, Uruguai e Argentina, como forma de apoio ao agronegócio local, que protesta contra o Acordo Comercial União Europeia e Mercosul. Bompard reforçou que a medida ia valer só para a França. 

Diante disso, no último fim de semana, frigoríficos brasileiros como JBS, Marfrig e Masterboi suspenderam o fornecimento de carne às lojas da rede Carrefour e das lojas do Atacadão e Sam’s Club, que também pertencem ao grupo, no Brasil. A decisão foi uma reação às declarações do CEO do Carrefour. 

INSTITUIÇÕES REAGEM

As instituições que representam os setores produtores e exportadores de produtos agropecuários no Brasil reagiram à declaração com manifestações públicas de repúdio às declarações. Posteriormente, deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e o Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro também se manifestaram. Juntos, os representantes do agro endossaram o discurso de que “se [a carne brasileira] não serve para as lojas do Carrefour na França, não servem para nenhum outro país onde a grupo tem lojas”.

Na manifestação, as instituições destacaram o reconhecimento internacional da carne brasileira pelos seus padrões de qualidade e segurança alimentar e reforçaram que medidas para ‘manter a soberania’ do Brasil serão prioridade até que Bompard e o Grupo Carrefour faça uma retratação formal ao Brasil.

NO TOCANTINS

Em nota oficial publicada em seu perfil no Instagra, o Sindicato Rural de Araguaína destacou que a pecuária brasileira, incluindo a praticada no Tocantins, tem se consolidado como referência em produtividade e sustentabilidade. A região investe em práticas modernas, como integração lavoura-pecuária-floresta, suplementação e confinamento, correção de solos e adubação. Essas inovações permitiram um crescimento contínuo na produção, posicionando o Brasil como maior exportador de carne bovina do mundo.

BOICOTE ÀS REDES CARREFOUR E ATACADÃO 

Com base na Lei de Reciprocidade do Comércio Internacional, o Sindicato conclamou pecuaristas, produtores rurais e consumidores tocantinenses a não adquirirem produtos das lojas Carrefour e Atacadão até que a empresa faça uma retratação formal. Além disso, solicitou que frigoríficos suspendam as vendas para essas redes, tanto no mercado interno quanto externo, até que a situação seja normalizada.

O grupo tem lojas nas três principais cidades do Tocantins: Palmas, Araguaína e Gurupi. 

TOCANTINS: ORGULHO NO CAMPO E NO COMÉRCIO 

A nota reforça o orgulho do Tocantins em contribuir para o agronegócio nacional e internacional, reafirmando que a pecuária local adota práticas éticas e responsáveis. A suspensão das carnes pelo Carrefour é vista como um desrespeito ao trabalho de milhares de produtores que garantem carne de qualidade reconhecida mundialmente.

O QUE DIZ O CARREFOUR

Em nota, a assessoria de imprensa do Carrefour Brasil confirmou que houve a suspensão das entregas de carnes por parte dos frigoríficos, mas as lojas continuam comercializando os produtos e que, até o momento, não há desabastecimento.

INVESTIGAÇÃO 

Nesta segunda-feira (25), deputados protocolaram, em caráter de urgência, um pedido para que o governo crie uma comissão externa para investigar denúncias relacionadas à atuação da rede de supermercados no país.