Parada Gay de Palmas tem recorde de público, mas registra agressão
4 JUL 2011 • POR • 15h36
Daniel Lélis
Da Redação
Uma multidão histórica acompanhou no final da tarde de ontem, dia 3, a 8ª Parada LGBT de Palmas. O evento reuniu, de acordo com os organizadores, mais de 10 mil pessoas. Renilson Cruz, atual presidente do GIAMA (Associação Grupo Ipê Amarelo pela Livre Orientação Sexual), que realiza a manifestação, afirmou que foi a maior passeata em favor dos direitos dos homossexuais já realizada no Tocantins.
O tema deste ano era “Amai-vos uns aos outros: Tocantins sem homofobia”, A ideia, segundo Cruz, era levar as pessoas a refletirem sobre o amor incondicional de Deus pelos seus filhos: “Deus é amor. Amor que não discrimina, não ofende, não humilha. Amor que acolhe, compreende, tolera”, contou ele em entrevista ao Portal O Norte.
Ao som de muita música, milhares de pessoas marcharam pelas ruas da capital e celebraram o direito de ser quem é. “É o dia mais feliz da minha vida. Não há nada igual. É o momento de celebrar a diversidade, a paz, o amor, o respeito. E quem foi que disse que não se pode fazer política com festa, alegria e diversão? Estamos aqui para mostrar que é possível”, destacou o enfermeiro Júlio Costa Ribeiro, que participou pela segunda vez da Parada.
Ações e atrações
Além da distribuição de preservativos e matériais educativos, a 8ª Parada LGBT contou ainda com a realização de um abaixo-assinado a favor da criminalização da homofobia no Brasil e do “Kit contra Bullying Homofóbico”, suspenso pela presidente Dilma Rousseff em maio. Centenas de pessoas assinaram o documento.
Discursos de representantes do Poder Público e da sociedade civil marcaram o início da manifestação. Destaque para as críticas ao fundamentalismo religioso que emperra projetos pró-comunidade gay no âmbito do Legislativo. Rosimar Mendes, coordenadora da Mulher, Direitos Humanos e Equidade de Palmas, que representou o prefeito Raul Filho, falou dos desafios do movimento LGBT e frisou o apoio dado pelo Executivo Municipal para a realização do evento.
Era noite quando a manifestação chegou a Avenida Palmas Brasil. Lá o imenso público presente pode conferir a apresentação de Mônica Soares e Banda, que cantou grandes sucessos e levantou a galera. “É lindo, é inesquecível, é quase uma terapia. O nosso protesto vem em forma de música, de cores, de felicidade. Abaixo a hipocrisia, o fundamentalismo. Viva o amor!”, exclamou radiante a professora Lúcia Ferreira.
Omissão
Nenhum político participou da 8ª edição da Parada LGBT de Palmas. O Giama informou ao site que foi enviado convite aos Deputados e Senadores tocantinenses e também aos Vereadores de Palmas para prestigiar o evento, mas nenhum deles se prontificou a fazê-lo. “Em época de eleições, eles não rejeitam o nosso voto, mas quando é para mostrar de que lado estão, se de quem defende a cidadania dos LGBTs ou de quem é homofóbico, eles se omitem, somem”, contou revoltada a estudante Graziela Lustosa.
Agressão
Durante a parada, nossa reportagem registrou uma agressão. Um casal gay que trocava beijos em frente ao trio oficial do evento, foi atacado por um homem que até o momento não foi identificado. Os rapazes agredidos, Welton Gomes Do Nascimento e João Marcos, não registraram boletim de ocorrência.
"Tem gente que é preconceituosa e não gosta de ver pessoas do mesmo sexo se beijando. Não sei porque, então, vai ver uma parada gay. Ontem eu levei um tapão no braço de alguém só porque estava beijando outro cara. Abaixo o preconceito!”, escreveu o jovem Welton em seu mural numa rede social.
Bandeiras
A edição 2011, além de pedir a aprovação do PLC 122/2006, que criminaliza a homofobia em todo o Brasil, serviu de oportunidade para os LGBT e simpatizantes tocantinenses comemorarem a recente decisão do Supremo Tribunal Federal que reconheceu a união estável homoafetiva como entidade familiar: “É uma manifestação política e alegre da diversidade. É um protesto por cidadania, visibilidade e respeito. Não queremos privilégios, queremos direitos iguais”, afirmou ele.
Parceiros
A 8ª Parada LGBT de Palmas contou com a parceria da Prefeitura de Palmas, da Coordenadoria da Mulher, Direitos Humanos e Equidade (COMUDHE) da capital, da Secretaria Estadual de Saúde, por meio da Coordenadoria de DST/AIDS e do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Estado do Tocantins (SINTET). Boates e casas de festa direcionadas ao público GLS também apoiaram a manifestação.
Além disso, explicou Renilson, este ano novos parceiros na luta contra a homofobia chegaram para apoiar o evento, dentre eles o Núcleo de Estudos, Pesquisas e Extensão em Sexualidade, Corporalidades e Direitos da UFT de Miracema; o Núcleo de Atendimento Especializado à Diversidade Sexual, da Defensoria Pública; a Comissão de Diversidade Sexual, da OAB-TO e a Coordenação de Políticas Públicas para a Diversidade Sexual, do IFTO.