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MORADORES DE RUA

Mendigos tomam as ruas e prejudicam o comércio

18 janeiro 2011 - 11h50

Da Redação

O grande número de mendigos pelas ruas da cidade de Araguaína tem aumentado lentamente nos últimos anos. O crescimento quase imperceptível destes indivíduos preocupa a população araguainense.São cidadãos que vivem na marginalidade, muitas vezes vindos de outras cidades e Estados e não tendo lugar para ficar, se abrigam em lugares públicos como a Praça das Nações e muitos ainda vivem a pedir esmolas nas avenidas do município.


Deficientes sobrevivem de esmolas

O senhor Antônio Araújo, de 69 anos, deficiente físico desde os três anos de idade, tem o lado direito do corpo paralisado e caminha com a ajuda de um bastão que o sustenta e apesar de não ser um morador de rua, sobrevive das esmolas que recebe na rua.

De acordo com o senhor Araújo, ele veio de Imperatriz-MA com a família há cerca de 20 anos e depois de todo esse tempo morando em Araguaína, hoje vive em uma situação crítica dependendo de esmolas para sobreviver e em conversa à nossa equipe de reportagem contou alguns detalhes sobre seu drama. “Eu estou pedindo esmola é pra “mim” comprar carne, arroz, é pra “mim” comer, estou nessa labuta, lutando para comer o pão”, diz emocionado, explicando que é viúvo e mora sozinho em uma casa humilde da periferia da cidade e apesar de ter dois filhos já maiores de idade que são casados e também moram em Araguaína, afirma que estes não se importam com a situação em que ele se encontra.


Antônio Araújo apesar de não ser morador de rua, sobrevive com as esmolas que recebe. 


Coincidentemente durante a entrevista, uma das filhas do senhor Araújo que pediu para não se identificar passou pelo local e pediu benção a ele, a mulher se recusou a dar entrevista e Araújo explicou que o marido de sua filha que está grávida de quatro meses, não permite que ela o ajude e finaliza a entrevista dizendo: “Eu já sofri humilhações das pessoas que passam por aqui e não posso trabalhar, já trabalhei assim mesmo aleijado e ainda hoje estou lutando pra viver, eu não tenho ninguém por mim”.


Transtornos no trânsito

A cada dia que passa os mendigos tornam-se mais intoleráveis na cidade. A exemplo disso, na região central de Araguaína, nossa equipe flagrou um mendigo, visivelmente embriagado, atrapalhando o trânsito de uma das principais avenidas de Araguaína, a Cônego João Lima. Enquanto carros transitavam rapidamente, o cidadão permanecia sentado à beira do asfalto correndo o risco, a qualquer momento, de provocar um acidente. Motoristas que trafegam em Araguaína afirmam que o fato é bastante comum: “Tá ficando complicado dirigir principalmente aqui no Centro, eles [os mendigos] não respeitam os motoristas e parecem nem ter medo de serem atropelados, já está virando rotina e isso é um absurdo!” reclama o motorista, senhor Fernando Daniel, 27 anos.


Visivelmente embriagado este mendigo se senta à margem do asfato sem se importar com
o risco de causar um acidente.



Pedestres incomodados
Andado na região central, facilmente podemos encontrar pessoas sentadas nas calçadas pedindo esmola em frente a bancos e estabelecimentos comerciais, ou simplesmente deitadas em estado de embriaguez, algumas até mesmo drogadas.

Pedestres que transitam pelo local, se incomodam com a situação. “Eles passam o dia todo nas portas das lojas, e geralmente são bastante insistentes ao pedirem esmolas o que incomoda e muito quem passa por aqui e apesar disso, às vezes eu até ajudo, mas também sinto angústia porque tem horas que a gente não pode dar nada para eles”, explica a auxiliar administrativa, Valéria Miguel, 20 anos que completa “pouca gente se importa com eles, eu mesma já presenciei até maus tratos de algumas pessoas que se irritam”.



Mendigos dividem espaço espaço com os pedestres nas calçadas muitas vezes atrapalhando
o fluxo das pessoas na região central.



Comércio prejudicado
A gerente comercial, Lidiane Alves, 27 anos, afirma que os marginais atrapalham o fluxo de pessoas na loja de roupas e acessórios em que ela trabalha: “Às vezes os clientes deixam de entrar em nossa loja porque tem um mendigo na porta, algumas por evitarem dar esmolas e até por medo de serem agredidas ao dizer não”.

Comerciantes e moradores da região central, afirmam já terem visto situações bastante constrangedoras por parte de moradores de rua: “Acho que eles não têm nem aonde tomar banho e fazer suas necessidades fisiológicas que acabam fazendo nas ruas mesmo, como eu já pude infelizmente presenciar. Sinceramente, acho isso inaceitável, deveria ter um local pra abrigar esse pessoal, tipo um albergue ou uma casa de apoio na cidade”, diz o morador Alexandre Germano, 33 anos.


Poder Público
No decorrer da entrevista nossa equipe observou que tanto a população trabalhadora do município quanto as pessoas que vivem marginalizadas à beira da indiferença relatada, concordam que alguma medida deve ser realizada para pelo menos amenizar essa situação, como declara a empresária Luciane Alves de Castro, 25 anos, dizendo que o problema dos mendigos é responsabilidade da prefeitura e que providências precisam ser urgentemente tomadas. “Se o prefeito Valuar não agir imediatamente, logo a população sofrerá as conseqüências dessa falta de ação e isso não pode acontecer, a cidade “tá” crescendo muito rápido e é preciso tomar controle da situação enquanto ainda há tempo” observa a comerciante.



Sem ter onde se abrigar, moradores de rua dormem pelas calçadas da cidade.
"A prefeitura precisa tomar providências urgentes" diz a gerente comercial Lidiane. 



O Portal O Norte tentou contato com o secretário de Ação Social do município, Jota Patrocínio, para dar mais esclarecimentos sobre possíveis soluções relacionadas ao caso, porém, ainda não obtivemos resposta.