Dágila Sabóia/Daniel Souza
Da Redação
A Redação do Portal O Norte recebeu denúncia em que universitários reclamavam da precariedade da Casa do Estudante.
Sobre a Casa
o prédio, Professor Benedito Ferraz Júnior, foi orçado em R$ 200 mil reais e inaugurado há exatos três anos e quatro meses em Araguaína pela Secretaria Estadual de Juventude, juntamente com a Universidade Federal do Tocantins (UFT). Localizada no setor Cimba, o lugar abriga atualmente 32 estudantes.
O local foi criado para dar suporte a universitários de baixa renda vindos de outras cidades e deveria oferecer um ambiente de moradia digno aos seus acolhidos. No entanto, de acordo com os próprios moradores, o lugar encontra-se em uma situação lamentável.
Os moradores da Casa, afirmam enfrentar uma diversidade de transtornos que vão desde a tubulação de esgoto até a situação precária do imobiliário.
Estrutura
Ao todo são quatro apartamentos: dois no térreo e dois no primeiro andar. Em cada apartamento existem quatro quartos, dois banheiros e sala e cozinha acopladas. Nesta última existe um pequeno tanque de lavar roupas, que disputa espaço com a pia da cozinha.
Mobiliário
Boa parte do mobiliário da Casa foi doado pela UFT. Sobre estes, os depoimentos apontam apenas para uma única direção: eles se encontram em péssimas condições de uso.
É o caso dos beliches que são dois por quarto somando ao todo 32 camas. De acordo com os denunciantes, boa parte deles já se encontram em desuso por não suportarem o peso dos alunos, obrigando-os a dormirem no chão: “Pra mim, deitar em alguns desses beliches daqui é desafiar a própria vida, o risco de um acidente é evidente, por isso, eu mesmo e muitos dos meus colegas optamos por dormir em colchonetes no chão”, relata um dos estudantes entrevistados.
Manutenção
Uma das reclamações dos estudantes diz respeito à manutenção elétrica e hidráulica. De acordo com eles, estas manutenções jamais foram realizadas.
Algumas das consequências disso, seria o frequente entupimento do sistema de esgoto que provoca o retorno de dejetos quando os sanitários são utilizados: “São tantos problemas, sem falar na fossa que vaza com frequência e provoca um mau cheiro que toma conta do lugar”, reclama um estudante que preferiu não se identificar e que acrescenta: “Nós estudantes é quem pagamos para esvaziar a fossa quando está cheia”.
Já no que diz respeito à instalação elétrica, estudantes afirmam que a mesma é precária ressaltando que lâmpadas queimam com muita facilidade.
Outro problema enfrentado pelos alunos é o calor, pois segundo os eles, nenhum dos ventiladores, que são apenas quatro, um por apartamento, funcionam. Os universitários afirmam que a má qualidade dos ventiladores aliada às precárias condições das instalações elétricas bem como a falta de manutenção, resultaram na queima dos aparelhos.
Agentes de saúde
Entre os diversos problemas relatados pelos estudantes estaria o fato de eles não contarem com o serviço de acompanhamento de saúde prestado pelos agentes do Município: "Desde quando me mudei pra cá, desconheço a visita de algum agente de saúde", afirma um dos moradores da Casa.
Internet
Uma das principais ferramentas utilizadas para o estudo dos universitários na atualialidade é a Internet. Os estudantes também reclamam da ausência deste serviço essencial na vida dos acadêmicos que residem na Casa.
"Trabalho o dia inteiro e estudo à noite, nos finais de semana tenho que me locomover até a faculdade para fazer o uso de internet a fim de pesquisa e estudo, se aqui na Casa nós tivéssemos o serviço, com certeza isso pouparia boa parte do nosso tempo", ressalta o estudante.
Segurança
Outra questão apontada pelos acolhidos, diz respeito à falta de segurança da Casa que é localizada em meio a terrenos baldios. O fato preocupa principalmente as jovens que residem no lugar , algumas delas estudam na UFT no período noturno e temem a ação de bandidos e estupradores na volta pra casa. “Aqui nós temos uma rotina e quando saio da faculdade, tenho muito medo de voltar pra casa, não temos segurança nenhuma, ninguém garante que eu posso chegar sã e salva nem na porta da Casa”, desabafa a estudante do curso de Letras da UFT, Edhymally kuellenny, 18 anos, de Bom Jardim – MA que relembra um triste episódio acontecido em março de 2010 quando uma aluna foi estuprada nas proximidades da UFT quando retornava para sua residência depois da aula. “O mais assustador disso foi que o fato ocorreu em plena luz do dia às 11 horas da manhã”, observa a jovem.
Falta de suporte técnico
Até a gestão do então governador Carlos Henrique Gaguim (PMDB), a Casa era assistida integralmente pelo Centro da Juventude de Araguaína. Após a demissão em massa, o Centro que estava situado na antiga UFT no Bairro São João, foi desativado o que vem dificultando tanto para os moradores quanto para outros universitários que anseiam em conseguir uma vaga de moradia no prédio, o acesso a um representante que possa encaminhar as solicitações à Secretaria de Juventude.
Os estudantes alegam que o atual diretor de mobilização que deveria dar esse suporte, Angileidson Alencar, é muito difícil de ser encontrado, e desde a sua posse ele teria comparecido apenas duas vezes na Unidade, uma com o secretário da Pasta e outra quando foi chamado pelos universitários que reclamavam de problemas na estrutura da Casa.
Os moradores do prédio elogiaram o trabalho do então coordenador do Centro da Juventude, Odimar dos Santos Guimarães, em detrimento do suporte prestado por Angileidson Alencar: "Diferente do Odimar, que sem precisarmos chamar estava aqui todos os meses procurando saber das nossas necessidades, o Angileidson só veio aqui duas vezes e nós que temos que ficar cobrando a visita , sem mencionar que é muito difícil encontrar ele aqui na cidade".
Visita do secretário
Segundo depoimento dos estudantes, na única visita realizada no início deste ano ao prédio, o atual secretário estadual de Juventude e Esportes, Olyntho Neto, prometeu aos universitários melhorias no prédio como uma lavanderia, entrega de notebooks e acesso à internet. "A promessa até agora ficou somente na fala do secretário que nunca mais pisou os pés aqui e os problemas só acumulam", comenta revoltada uma universitária.