Quando você pensa em ter o próprio negócio, o que vem à sua mente? Independência financeira, flexibilidade de horários para trabalhar e por que não dizer: a possibilidade de deixar um legado? Para muitos isso não passa de imaginação, mas enquanto alguns continuam sonhando, outros decidem “arregaçar as mangas” e empreender. Você vai conhecer agora, a história do casal araguainense, Luana Cabral (36 anos) e Thiago Borges (38 anos), que decidiram mudar o rumo de suas vidas, sonharam alto e deixaram o emprego formal para abrir um negócio próprio. Provando que foco, planejamento e determinação são essenciais para o sucesso de um negócio, a empresa que começou do zero, hoje vem conquistando espaço dentro e fora do Tocantins, virou franquia e se tornou um grupo que fatura milhões de reais.
Luana Cabral e Thiago Borges são casados há 14 anos. Pais de Henrique (14 anos) e Davi (7 anos), eles hoje trabalham exclusivamente com um negócio familiar. Em 2022, comemoram 8 anos de implantação da empresa em Araguaína e estão ganhando espaço no mercado de semijoias que aliado ao franchising é um ramo que, segundo pesquisas, movimenta bilhões por ano. Mas para chegar até aqui, o casal de empresários passou por importantes experiências.
Veia Empreendedora e família
Corre na veia de Luana o sangue empreendedor. Ela desde muito cedo acompanhou o exemplo dos pais, que trabalham como vendedores autônomos e com eles aprendeu suas primeiras lições no ramo de vendas. Algumas delas foram adquiridas trabalhando em uma perfumaria, na qual sua mãe e tia eram sócias e depois em uma loja de presentes que sua mãe abriu sozinha e Luana ajudava a administrar.
Luana conheceu Thiago em 2002 quando começaram a namorar. Em 2007 veio o primeiro fruto do casal, época em que recém-casados, foram morar em São Luís (MA), em busca de novas oportunidades.
Com um filho de sete meses, Luana decidiu que precisava ajudar o marido com as despesas de casa, foi quando conseguiu emprego em um shopping, em uma rede varejista de renome nacional, onde se destacou entre os colaboradores conquistando o cargo de supervisora de lojas.
Oportunidade e Visão
Depois de trabalhar por cerca de três anos como supervisora, Luana foi convidada para fazer parte do quadro de colaboradores de uma das maiores redes de joalherias do Brasil, a Vivara, foi onde ela descobriu sua paixão por joias e adereços: “Simplesmente me encantei pelo universo das pedras e metais”, disse lembrando ainda: “Na época Vivara tinha cerca de 150 lojas e a que eu gerenciava estava entre as dez primeiras do Brasil em vendas. Batíamos todas as metas e ganhávamos premiações como reconhecimento de nossos resultados”. Lembra.
O start
Um ano e meio trabalhando na Vivara foi suficiente para borbulhar ideias na mente de Luana. Ela saiu de lá para trabalhar em outra joalheria e começou a revender semijoias para aumentar a renda própria. Mas quando bateu a coragem junto com a vontade de empreender, não deu outra: Luana abriu mão do emprego formal e decidiu que dali em diante seria dona do próprio negócio. Foi quando nasceu a Luah Semijoias.
Mas para começar, a jovem empreendedora também precisava de investimento, sendo assim ela juntou todas as economias que tinha dos últimos 3 anos e vendeu seu carro. Com o dinheiro em mãos, ela pôde então dar o pontapé inicial do projeto.
Mudança, Planejamento e Ação
"Atuei cerca de 3 anos em São Luís, quando pela perda de um ente querido resolvemos voltar para Araguaína, nossa cidade Natal”, disse Luana que não desistiu do negócio e deu continuidade ao projeto na cidade tocantinense.
Planejamento e Ação
Formada em Administração e Pós-Graduada em Gestão de Pessoas, ela passou a colocar em prática toda a experiência adquirida no ramo e com o apoio do marido começou a planejar todo o processo de constituição da Micro Empresa.
Capacitação e Qualificação
Luana também buscou conhecimento e qualificação profissional através de cursos e treinamentos em instituições como o Sebrae procurando aperfeiçoar técnicas e habilidades especialmente no campo gerencial. “Tenho convicção de que precisamos estar abertos a oportunidades mas a busca de conhecimento também é essencial pra nos mantermos atentos e competitivos”, diz.
A empresária revela que um dos segredos para manter o desenvolvimento da empresa é o planejamento constante: “Sempre tivemos um plano de negócios bem definido e isso nos ajudou a manter o foco e contornar as dificuldades”.
Foco e Resultado
Com planejamento, foco e determinação, Luana conseguiu ir além tornando o seu negócio escalável e lucrativo em plena pandemia. O primeiro passo para esse resultado foi a inclusão de revendedoras na Luah Semijóias, que saltou de pouco mais de 100 em 2017 para mais de mil revendedoras em atividade em 2022, que levam os produtos da Luah ao consumidor final. Um crescimento que representa mais de 200% ao ano. "Não paramos de trabalhar na pandemia, pelo contrário, nosso negócio foi uma "mão amiga" para muitas pessoas que passaram por esse período. Oferecemos a garantia de uma renda extra e essa via de mão dupla reforçou o avanço do nosso trabalho", observa.
Diante de um resultado tão expressivo, a empresária revela mais um segredo do seu negócio: “Pautamos sempre em manter uma relação de confiança com nosso cliente, estar em contato com cada revendedora e entender suas demandas”.
A empresária araguainense destaca que um dos diferenciais da Luah é que suas revendedoras podem optar por começar a trabalhar sem investimento financeiro: “Com o processo de análise do cadastro aprovado, nossas revendedoras já começam a vender os produtos em consignação, garantindo uma efetiva e prática geração de renda. Temos revendedoras que vivem exclusivamente desse trabalho, porque nossa forma de atuação presamos em dar um retorno satisfatório para quem trabalha conosco", garante.
Franchising e Expansão
Mesmo entusiasmada com os resultados, o casal de empreendedores queria mais e em 2017 deu o pontapé inicial a um projeto piloto visando a expansão da Luah Semijoias, com um estudo de viabilidade do negócio no “mercado de franchising”. A proposta experimental trouxe experiência e definiu os pilares da empresa para fincar os pés nesse mercado e em 2020, quando o empreendimento avançou definitivamente para a abertura de franquias.
Com a expansão, atualmente a Luah Semijoias está presente em 5 Estados contando atualmente com duas lojas próprias nas cidades de Araguaína e Palmas no Tocantins e seis franqueadas implantadas em São Luíz (MA), Parauapebas, Redenção e Marabá no Pará, em Teresina (PI) e Macapá no Amapá e se tornou um negócio milionário, somando um faturamento de mais de R$ 5 milhões de reais por ano.
Com essa iniciativa, Thiago Borges afirma que o grupo Luah Semijoias deu mais um passo certeiro e colabora para as estatísticas de faturamento do ramo de franquias no país, que segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF) faturou R$ 185 bilhões em 2021. Esses números são de dados da Pesquisa de Desempenho do Franchising Brasileiro, realizada pela Associação e demonstram que o franchising não apenas apurou crescimento nominal de 10,7% sobre o ano anterior, como recuperou o patamar de receita apurado antes do início da pandemia, em 2019, quando a receita do setor atingiu R$ 186,755 bilhões.
Desafio e Conquistas
“A jornada não é nada fácil e requer coragem diante dos desafios de quem quer empreender”, observa Luana destacando que apesar disso ela ama o que faz e se sente realizada em poder colher os frutos de seu projeto profissional: “O faturamento de nossas lojas têm crescido em média 22% ao ano e como rede temos como meta a abertura de mais três lojas até o final deste ano de 2022”, afirmou Luana Cabral.
A empresa projeta também a conquista de novas revendedoras e ainda a exportação de produtos para américa do sul e outros continentes.
“O objetivo é expandir ainda mais nosso trabalho”, diz otimista a empresária, que hoje conta com o apoio exclusivo do marido, que em 2017 pediu demissão da empresa onde trabalhava como vendedor de automóveis para se dedicar 100% ao negócio. “Ele sempre acreditou e sempre esteve ao meu lado no projeto. A partir daquele ano mais do que nunca trabalhamos juntos para construir um legado de sucesso”, disse satisfeita.
Dedicado integralmente ao negócio, Thiago Borges hoje encabeça a gestão administrativa do grupo, enquanto Luana trabalha com foco no suporte e expansão às lojas. "A gente se complementa não só como casal mas também como sócios e esse trabalho conjunto tem mostrado resultados surpreendentes, mas gosto de destacar que por traz de tudo isso existe muito esforço e dedicação envolvidos", observa Borges.
O Mercado
De acordo com dados divulgados ainda em 2013 pelo Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM), o Brasil já possuía mais de três mil empresas de semijoias e bijuterias, que juntas faturavam milhões de reais por ano.
Um relatório da McKinsey Global Institute divulgado no mesmo ano apontava que a venda de folheados e banhados giravam em torno de R$55 milhões ao ano só no Brasil e quase US$ 150 bilhões de dólares no mundo.
Ainda conforme dados do IBGM, no nosso país, o segmento é composto em 95% por micro e pequenas empresas e 70% das exportações deste setor, são para países ilustres no cenário mundial, como Estados Unidos, Alemanha, Canadá, Argentina, Peru e Colômbia.
Apesar da crise financeira no Brasil, os números disponíveis no relatório do McKinsey Global Institute demonstra que a expectativa de crescimento do mercado é de até 6% ao ano.
Ramo no Tocantins
No Tocantins, o ramo também tem conquistado espaço com a chegada de novos empreendimentos. Segundo o analista do Sebrae no Estado, Bruno Vila Verde, no período de 2020 a março de 2022 houve um aumento no número do comércio varejista de artigos de joalheria no Tocantins em especial nas cidades de Palmas e Araguaína.
Foram abertos no Estado no primeiro trimestre de 2022, 14 empresas representando um crescimento de 6,09% em relação a 2021.
Em relação a Araguaína, no primeiro trimestre deste ano, foram abertas 3 empresas, representando um crescimento de 8,11% em relação ao ano passado.
Já em Palmas, no primeiro trimestre de 2022, fora abertas 9 empresas, representando um crescimento de 10,23% em relação a 2021.
O analista destaca que o Sebrae mantém as portas abertas para dar todo o suporte necessário aos empreendedores para ampliar a visão de negócio deles: "O Sebrae oferece conhecimento e transformação a pessoas que já empreendem ou querem empreender. Esse conhecimento é transferido pelos nossos cursos, palestras, oficinas e seminários, enquanto a transformação dos pequenos negócios é realizada pelas Consultorias de Gestão, Consultorias Tecnológicas e ações de Geração de Negócio, como Feiras, Missões e Rodadas de Negócio".
Amor ao que faz
Luana Cabral encerra a entrevista lembrando que empreender tem seu preço e a intensa dedicação para ver o negócio crescer traz responsabilidades e desafios diários: “Não sou apenas empresária. Sou filha, mãe, esposa e a gente tenta se equilibrar para manter a estabilidade em nossos relacionamentos pessoais”, diz Luana acrescentando: “A gente não tem hora para trabalhar e quando você se dedica ao negócio seu, que você ama, a vigilância para tudo dar certo é constante” e completa se referindo ao esposo: “Mas aqui vem uma das principais vantagens de você ter um parceiro trabalhando ao seu lado: nós sonhamos juntos, enfrentamos obstáculos juntos, construímos juntos. Claro que às vezes fica difícil separar a esposa da sócia e vice versa [sorriu] mas a gente tenta e tudo vai se alinhando”, conclui.