O Hospital e Maternidade Dom Orione é o centro de uma grave denúncia que está repercutindo nessa quarta-feira (27) em Araguaína, envolvendo uma paciente com 8 meses de gestação que acabou perdendo seu bebê depois de procurar diversas vezes atendimento na unidade em menos de uma semana.
Lays Martins (25 anos), procurou nossa reportagem para denunciar o caso e também usou seu perfil no Instagram para contar sua história em uma live, onde ela acusa médicos de negligência e violência obstétrica.
Lays que também é mãe de uma criança de 5 anos contou à nossa reportagem que todo o período de gravidez dela foi bastante tranquilo: "Fiz o pré-natal direitinho, todas as ultrasons necessárias inclusive a morfológica, enfim estava tudo certo com minha gestação".
IDAS E VINDAS À MATERNIDADE
Mas a peregrinação da jovem grávida ao hospital começou no último dia (20) quando ela começou a sentir dores abdominais e corrimento anormal além do rompimento de um muco no útero. "Fui até o hospital, passei pela triagem, expliquei o que estava acontecendo, mas eles só fizeram toques, foram pelo menos três toques de uma médica e dois residentes que atendiam nesse horário. Eles disseram que estava tudo bem, não pediram nenhum exame e me liberaram para ir para casa".
Apesar do desconforto continuar, Lays acreditou na palavra dos profissionais e voltou para casa, mas às 19h do mesmo dia, as dores começaram se intensificar novamente, foi quando ela retornou à unidade e mais uma vez teve o caso negligenciado pela equipe médica: "Eles fizeram vários toques de novo, só me passaram um remédio Tramal, me deram soro e mais uma vez sem fazer exames complementares disseram que eu podia voltar pra casa".
"ACREDITEI NOS PROFISSIONAIS"
Os dias seguintes, Lays lembra que continuou sentindo dores, muito cansaço e mal estar: "Mas diante do que os médicos falaram eu acreditava que era normal por causa da gravidez mas na segunda-feira (25), tudo ficou muito pior", conta Lays afirmando que começou a sentir fortes dores, mas não pareciam com dores de parto: "Meu primeiro filho foi normal e aquela dor era diferente, apesar do péssimo atendimento eu não tinha outra opção senão voltar no Dom Orione que é a única maternidade da cidade".
Lays conta que chegou por volta das 7h da manhã e reclama do atendimento contando que passou por mais toques. "Eles faziam de qualquer jeito sabe, sem cuidado", afirma destacando que quando a equipe médica foi aferir os batimentos cardíacos do bebê observaram que estavam imperceptíveis e só então encaminharam ela para realizar uma ultrasom. "Isso já era por volta das 9h da manhã quando fiz o exame e disseram que minha bebê estava morta na minha barriga. Foi desesperador, a pior notícia que eu poderia receber", disse a mãe ainda abalada com o que aconteceu.
"VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA"
"Daí em diante, a violência obstétrica só continuou. Eu estava muito mal, sentindo muita dor, mas ninguém me ofereceu uma maca, uma cadeira de rodas, tive que sair andando pelos corredores do hospital, inclusive até o centro onde acontece os parto", lembra a grávida.
Lays contou em entrevista que foi isolada em um quarto e enquanto isso, a mãe tentava conseguir um médico para ela ser submetida a uma cesariana e amenizar seu sofrimento. "Nenhum médico queria fazer, não deram a mínima. Um dos médicos plantonistas se recusou a atender o pedido. Quando minha mãe disse que eu queria fazer a cesária ele respondeu: tanta coisa que eu quero fazer e não faço também", e simplesmente se afastou. O médico foi denunciado pela acompanhante na ouvidoria da unidade.
PARTO NORMAL
Isolada e com o bebê morto na barriga, Lays conta que ficou sentindo dor até meio dia quando seu bebê saiu da barriga via parto normal. "Nenhum médico foi me ver nesse período, só quando a minha bebê foi nascer já sem vida", lamentou dizendo que ainda ficou por pouco tempo se despedindo de sua bebê no colo.
"NÃO FIZERAM O QUE TINHA QUE FAZER"
"Foram momentos extremamente dolorosos, nenhuma mulher merece passar pelo que eu passei. Quantos médicos me atenderam nessa semana e não fizeram o que tinha que fazer. Se tivessem feito minha filha estaria viva. A gente vai pra uma maternidade na expectativa de ter um atendimento digno, humano e o que recebe é negligência atrás de negligência, desrespeito e desumanidade. Fico imaginando quantas mulheres não já passaram por isso no Dom Orione mas ficam silenciadas? Por isso não vou me calar por que isso não pode continuar e eu quero justiça", afirma a mãe destacando que a família já está tomando providências sobre o caso.
O Portal O Norte procurou o Hospital e Maternidade Dom Orione para esclarecimentos sobre o caso e aguarda resposta.