A prefeitura de Araguaína publicou agora há pouco o Boletim epidemiológico municipal com dados atualizados da Covid-19 em Araguaína e o que chama a atenção é a ocupação de 100% dos leitos de UTIs adultas na cidade. Coordenadores do HRA também se manifestaram em carta aberta sobre o colapso de leitos na unidade, culpam Estado pelo caos e pedem ajuda para a sociedade para sensibilizar o Governo. (No final da matéria você confere o documento na íntegra).
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, devido aos dias que ficaram com baixa testagem no Lacen-TO, Araguaína registrou 27 confirmações para Covid-19 neste domingo (02): São 11 mulheres e 16 homens. A cidade também registrou o óbito de uma mulher de 61 anos. Com esses, o Município chega a 7.262 casos confirmados, sendo desses 1.276 casos ativos da doença, 5.886 recuperados e um total de 100 óbitos.
Vale ressaltar que o Boletim estadual divulgado também nesta tarde trouxe a confirmação de 243 casos positivos acumulados nos últimos dias devido à baixa testagem no laboratório Lacen.
O alerta
Mas o que acende um alerta mesmo é a taxa de ocupação hospitalar apresentada no boletim da prefeitura. Apesar dos leitos clínicos estarem em 49% e os pediátricos em 16%, os leitos de UTIS Covid estão 100% ocupados.
A situação alarmante da rede pública de saúde em Araguaína foi alvo de uma petição do Ministério Público do Tocantins (MPTO) no sábado (1º), quando o órgão informou à Justiça que leitos de UTI para adultos colapsou em toda a região norte tocantinense, não existindo nenhum leito em operação vago. Isto, apesar de o HRA possuir sete leitos de UTI Covid que estão habilitados porém ociosos, em razão da falta de profissionais médicos.
Na petição, o MPTO também informou que o Hospital Regional de Araguaína dispõe atualmente de 200 médicos, a maior parte deles com vínculo estatutário, e ainda lembrou que é possível a convocação complementar de médicos vinculados a outros órgãos públicos da rede estadual, como Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros, para que atuem junto aos sete leitos de UTI Covid que estão ociosos no Hospital Regional de Araguaína.
Justiça
Diante dos fatos, nesse domingo (02), a Justiça determinou através de liminar, que o Governo do Estado realize num prazo de 24h, a convocação de mais médicos para atuar na unidade, excluindo aqueles que se enquadram no grupo de risco e fundamentando formalmente esta exclusão. Em caso de descumprimento da liminar, será imposta multa diária no valor de R$ 10 mil ao Estado do Tocantins.
Carta Aberta
Diante do colapso, coordenadores do HRA divulgaram hoje uma "Carta Aberta" araguainense à sociedade trazendo à tona a insatisfação com o Governo do Tocantins diante da crise enfrentada na saúde, acusando o Estado de não cumprir acordos firmados com os profissionais que atuam em UTI's Covid.
O documento ainda faz um comparativo indicando que os profissionais que também atuam em UTI Covid na rede privada e municipal de Araguaína ganham cerca de 300% a mais que os profissionais do HRA.
A carta afirma também que diante disso, muitos médicos pediram demissão, um dos motivos que resultou no desfalque de escalas no hospital.
Os profissionais também reclamam da sobrecarga de trabalho no hospital onde eles precisam prestar assistência não só pacientes infectados pela Covid e que estão na UTI, mas também aqueles que estão aguardando atendimento nas salas vermelha, amarela, verde e enfermarias.
Diante da situação a carta faz um apelo à sociedade na tentativa de "sensibilizar o Governo do Tocantins a cumprir seus acordos com a classe médica, pois nossa cidade vem sendo relegada a segundo plano, principalmente na área da saúde", afirmaram os coordenadores.
Resposta do Governo
Por outro lado, o Governo do Estado em nota garantiu que "trabalha incansavelmente no aumento do número de leitos destinados aos pacientes diagnosticados com a Covid-19. Para tanto, a SES atua para implantar dez leitos no Hospital Regional de Augustinópolis (HRA); dez leitos em Araguaína; e outros dez no Hospital de Gurupi".
A nota ressalta ainda que atualmente, o Tocantins conta, especificamente para pacientes com o novo Coronavírus, com 205 leitos clínicos e 103 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com retaguarda de 21 leitos de estabilização, com capacidade de atendimento de urgência e emergência em todas as regiões do Estado, conforme dados do Relatório Situacional.
A SES ressalta que em decorrência da falta de profissionais médicos que foram acometidos com a Covid-19, está trabalhando para cobrir as escalas e reativar os leitos o mais breve possível e que trabalha com toda rede de hospitais públicos e leitos contratados na rede privada para garantir o atendimento da população tocantinense.
Segue abaixo a Carta Aberta dos coordenadores do HRA