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CORONAVÍRUS

Tocantins é último Estado no ranking de isolamento social no Brasil

02 abril 2020 - 09h53Por Fonte Exame

Mais da metade da população brasileira está em isolamento em razão da crise do coronavírus. É o que mostra um levantamento da startup brasileira In Loco com base em uma tecnologia que analisa dados de mais de 60 milhões de dispositivos móveis em todo o Brasil.

A empresa de geolocalização criou o Índice de Isolamento Social, que permite mapear a movimentação de pessoas dentro de regiões específicas e medir quais apresentam maior distanciamento social.

A pedido da EXAME, a In Loco aplicou a tecnologia do Índice de Isolamento Social às capitais brasileiras, onde vivem cerca de 50 milhões de pessoas.

O último dado disponível, no dia 30 de março, mostra que Florianópolis é a capital que mais aderiu ao isolamento social, com 63% da população reclusa em casa. Na sequência estão Porto Alegre, Brasília e Recife, as três na faixa dos 60%.

Boa parte das capitais brasileira está no patamar de 50%, a exemplo disso está Palmas em penúltimo lugar, com 50,09% à frente apenas de Boa Vista (RR), com 49,4%. Isso mesmo com as medidas de isolamento determinadas pela prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB), que tem resistido às pressões de empresários que cobram a flexibilização do funcionamento do comércio. Veja o ranking abaixo:

Desenvolvida há menos de dez dias, a ferramenta é gratuita para os governos acessarem. Até agora, 20 estados já fecharam parceria com a empresa e estão começando a receber relatórios que trazem dados cartográficos e estatísticos, dos quais é possível inferir o percentual de pessoas que não se deslocaram do bairro onde moram.

“A ideia foi aplicar nossa tecnologia de geolocalização para ajudar a orientar as autoridades e os governos a ter iniciativas mais assertivas na crise”, diz André Ferraz, sócio-fundador e presidente da In Loco.

A cidade de Recife, onde fica a sede da In Loco, foi a primeira a usar a ferramenta para agir na contenção da propagação da covid-19.

Com as informações do fluxo de pessoas nas ruas, a prefeitura tem enviado carros de som e de bombeiros aos bairros onde são identificadas baixa adesão ao isolamento social para conscientizar a população do risco de disseminação do coronavírus.

Com base nos dados da startup, é possível notar que a adesão ao isolamento se intensificou a partir do dia 21 de março. Na data, o Brasil havia registrado mais de 1.000 casos de infectados. No mesmo dia, governadores passaram a divulgar medidas de restrição, como o fechamento do comércio e de atividades não essenciais.

Tocantins 

O Tocantins é um dos estados com mais baixo índice de isolamento no país com apenas 48% de sua população aderindo à reclusão social. Nas principais cidades do Estado os gestores pressionados pela população já flexibilizaram a quarentena.

Bolsonaro

Os dados da In Loco mostram também que o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro no dia 24 de março, pedindo o fim do “confinamento em massa” e o retorno ao trabalho, não surtiu efeito.

Em todas as capitais, o índice de isolamento social se manteve estável ou subiu ligeiramente no dia seguinte ao pronunciamento do presidente em cadeia nacional de rádio e TV.

Apesar da adesão inicial, o indicador que mede o distanciamento social tem se mostrado estável em todo o país nos últimos dias.

“É preocupante que os números no Brasil não estejam evoluindo. Cerca de 45% da população ainda resiste ao isolamento e isso coloca em risco a estratégia de contenção da pandemia”, diz Ferraz, cuja empresa atua normalmente com geolocalização aplicada ao varejo e à segurança bancária.

In Loco

A tecnologia da In Loco consegue coletar a informação da localidade do aparelho por meio de sensores presentes nos smartphones, como Wi-Fi, Bluetooth, GPS, entre outros. Mas a empresa não tem acesso aos dados de identificação civil do dono do celular, como nome, RG, CPF e endereço de e-mail, por exemplo.

Países como China e Coreia do Sul já utilizaram tecnologias de monitoramento populacional para frear o avanço do coronavírus e foram bem-sucedidos com a estratégia. Resta saber se no Brasil a tecnologia também terá papel decisivo na contenção da pandemia que já matou quase 50.000 pessoas no mundo.