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Sertanejo se desculpa por ironizar Coronavírus: "me arrependo de tudo o que eu disse"

26 agosto 2020 - 10h22Por Isto É

O cantor Cauan, que faz dupla com Cléber, passou por um dos momentos mais difíceis em sua vida. Ele ficou internado oito dias na UTI após complicações decorrentes da Covid-19 e chegou a ter 70% do seu pulmão comprometido. Na última segunda-feira (24), o cantor foi transferido para o quarto e, segundo ele, sua alta médica depende de exames clínicos e laboratoriais, mas pode acontecer amanhã.

Em entrevista à IstoÉ Gente, o sertanejo conta como reagiu ao descobrir o diagnóstico da doença e revela que teve uma grande transformação interior após este período de internação. “Deus começou a operar uma obra muito grande na minha vida”, afirmou.

Cauan também disse que se arrepende do que afirmou sobre o novo coronavírus e que  pretende ajudar às pessoas após sua recuperação. O cantor também não descartou uma possível live futuramente com seu parceiro musical como um sinal de “agradecimento”.

Sua esperança agora é que seus pais, que estão internados com a Covid-19, se recuperem da doença. O quadro do seu pai, João Luiz Máximo, é mais preocupante, mas o cantor se mantém otimista de que ele vai se recuperar.

 Como você está se sentindo?

Eu to me sentindo muito bem. Melhorando a questão da oxigenação para tomar banho e para se alimentar. Estou desmamando do oxigênio e acredito que logo estarei em casa.

Qual a sua previsão de alta?

Vai depender de exames clínicos e laboratoriais. A minha parte clínica está positiva. Estamos aguardando os resultados e, a partir dai, a equipe médica, juntamente com meu irmão Fernando Máximo, que tá acompanhando meu caso e que é médico também, vai chegar a uma conclusão e pode ser que amanhã a gente tenha uma alta.

Como você reagiu ao descobrir que estava com o novo coronavírus?

Eu fiquei desesperado. Eu não achei que eu tivesse. Eu tive alguns sintomas e não achava que pudesse ser Covid-19. Quando meu irmão soube, ele começou a me ligar e disse para procurar um médico. Eu fui e fiz o exame que constatou ser positivo. Os sintomas foram se intensificando, a gente não queria aceitar.

Em seguida,  os parâmetros foram piorando, a saturação e oxigenação foram diminuindo e eu não queria ser internado,  mas foi inevitável. Procurei um médico para fazer uma tomografia e foi constatado que eu tinha 50% de comprometimento pulmonar.

Fiquei internado três dias no quarto e, logo em seguida, diante da piora dos exames e com um comprometimento pulmonar de 70%, fui internado na UTI, onde permaneci dez dias. Quero agradecer  as pessoas que contribuíram decisivamente para a minha recuperação.

Quais foram os momentos mais difíceis que você passou nesta internação?

Eu tive alguns momentos de desespero, mas não muitos. Meu irmão, Fernando, estava aqui comigo acompanhando. Teve uma hora que eu cheguei nele e perguntei o que que eu faço. Estava desesperado. Não sabia o que fazer. Mas logo Deus começou a operar uma obra muito grande na minha vida.

Eu era uma pessoa muito ansiosa, hiperativa. Jamais eu imaginei que um dia eu iria ficar tantos dias deitado em um leito de hospital, sem ter proatividade, o meu jeito de ser. Eu senti que Deus tinha feito uma mudança interior dentro de mim e eu, através daquilo, ganhei um combustível muito forte para poder superar. Eu vi que não era só questão da doença, nem dos comprometimentos da Covid, mas esta questão da alma mesmo, da ansiedade. E eu comecei, paralelamente, superar as duas coisas. Deus começou a fazer um grande milagre e eu acredito que está se concretizando agora. Porque se é agora que Deus tá permitindo que a gente saia, que seja amanhã ou depois. Eu acredito que esta obra tenha sido concluída.

Você sempre foi um homem de fé? 

Eu sempre acreditei em Deus pela formação, pela criação. Só que eu vivia uma vida não muito legal nos princípios que eu acredito e já algum tempo, antes da doença, eu já estava procurando uma melhora como ser humano e como pessoa. Eu  já estava em um processo de evolução, até que veio a Covid. E este processo se intensificou, veio a UTI, este processo se multiplicou e agora eu tenho certeza que estou saindo daqui curado da alma, como um novo Cauan, um novo ser humano, uma nova pessoa, cheia de amor e cheia de esperança. Uma pessoa transformada, mudada de verdade.

Você pretende se dedicar às causas sociais daqui pra frente?

Sem dúvida. Pretendo me dedicar muito a ajudar as pessoas, tentar transmitir este sentimento que eu tive, esta cura, esta alegria, este amor que eu sinto dentro de mim neste momento. Tentar levar isso para as pessoas. Eu saio totalmente mudado e saio com a cabeça voltada totalmente de levar as pessoas ao bem estar e é isto que eu vou buscar daqui em diante.

Foi noticiado que você chegou a ironizar o coronavírus. Você se arrepende do que falou?

Sim, me arrependo das coisas que eu fiz no passado, os vários erros cometi, entre eles, esta falta de sabedoria, de ironizar algo sério. Mas também não me martirizo. Não fico com isso na cabeça. Me arrependo daquela pessoa que eu era, das besteiras que eu falava e que agora eu não falo mais e nem pretendo falar. Só que isso não me incomoda, eu olho pra trás e vejo superação e olho agora no sentido de conscientizar pessoas e de falar para as pessoas que não estão levando a situação da pandemia a sério. Eu nunca tive problemas de saúde graves, nem vícios de cigarro, praticava esportes e, mesmo assim, fui acometido e parei na UTI.

Seus pais estão internados, né? Qual o estado de saúde deles?

Minha mãe está em uma situação boa. A gente acredita que logo ela estará em casa. A situação clínica e laboratorial do meu pai não é positiva, a oxigenação não está boa, mas hoje meu irmão esteve com ele e eu acredito que pela nossa fé e pela nossa esperança, Deus está fazendo uma obra e logo nós estaremos juntos. Meu pai já tem algumas comorbidades, alguns problemas de saúde maiores. Mas nós temos muita fé que ele também sairá desta e logo nós poderemos celebrar as coisas simples da vida, as coisas que realmente valem a pena e que  são importantes. Muita gratidão a Deus pelas vitórias que virão.

Qual sua expectativa para voltar a cantar após a saída do hospital?

A minha primeira expectativa é na recuperação, pois ficam algumas sequelas da doença, eu tive 75% de comprometimento pulmonar. Então eu vou ter que praticar fisioterapia por algum tempo e peço a Deus que isso seja o mais rápido e menos dolorido para que nós possamos desempenhar o nosso trabalho, de cantar e levar música às pessoas.

Você pretende fazer uma live com o Cléber assim que se recuperar?

Não tenho este planejamento, mas seria bem interessante fazer uma live em agradecimento, confraternizando com as pessoas que gostam da gente, que curtem o nosso trabalho, que curtem nossa música, levar mensagens boas e mostrar para as pessoas que estamos bem, que a gente é grato, que a gente quer retribuir o carinho, fazendo aquilo que a gente gosta, aquilo que a gente sabe fazer.

Pretende lançar alguma música que fale sobre este momento que você viveu?

A gente chega a pensar de fazer alguma coisa diferente, mas não é a prioridade no momento. Não vou mentir que a gente não quer desenvolver alguma coisa legal, escrever alguma música que conte um pouquinho desta história e poder mostrar para as pessoas que acompanham a gente, que gostam do nosso trabalho. Espero que logo a gente traga alguma novidade neste aspecto para vocês.

Atualmente, muitas pessoas tem relaxado os cuidados para prevenção do novo coronavírus. Qual recado você dá para as pessoas que não acreditam na gravidade da doença?

É difícil, é complicado. Porque já são mais de cinco meses das pessoas tendo que ter todos estes cuidados, de usar máscara e mudar totalmente a sua rotina. Não é fácil realmente, mas a coisa é séria. Acho que a gente poderia ter um esforço final. Os números já estão baixando, logo estaremos livres deste vírus.

Se a gente puder se esforçar e se cuidar de verdade, evitar as aglomerações e os eventos. Se eu pudesse entrar na cabeça das pessoas, eu entraria para dar esta orientação. Se você ainda não pegou, se cuide para que você não pegue. Cuide dos idosos, porque eles podem ter um comprometimento maior da doença. Acho que é hora de dar aquele gás final e logo nós estaremos livres e com a vida normalizada. Eu acho que esta pandemia veio para melhorar muita gente e eu tenho certeza que nós passaremos por esta melhores como ser humano.