Ricardo Sottero
Da Redação
Nas últimas semanas, pairou sobre dois vereadores de Araguaína um sentimento de desprestígio e insatisfação em relação a seus partidos. O primeiro deles foi o vereador Cleudo Negão, do PSDB, que, em entrevista ao Portal O Norte (confira a reportagem aqui), desabafou que se sentiu “desprestigiado e até mesmo discriminado” pelos dirigentes do partido na cidade. Por causa disso, Cleudo cogitou deixar o PSDB, inclusive já procurando a assessoria jurídica da Câmara para informar a decisão. O vereador só estaria aguardando uma posição daquele que considera o “chefe”, o deputado estadual Raimundo Palito (PP).
O vereador Divino Bethânia por sua vez já teria procurado uma saída para a situação, segundo fontes, estaria avançada a negociação com a direção do recém criado PSD.
Mudança de Partido
A legislação eleitoral só permite a pessoa mudar de partido sem sofrer as penalidades da lei de fidelidade partidária nas seguintes situações: primeiro caso, o partido ao qual o político faça parte o discrimine gravemente, a segunda possibilidade seria se a legenda mudasse o seu estatuto e o caso que deve ser a saída mais lógica para os vereadores é o político deixar o seu partido para se filiar a uma legenda recém criada.
O motivo da insatisfação
Em entrevista ao Portal O Norte, Palito confirmou que foi procurado pelo vereador. “O Cleudo se disse insatisfeito, totalmente insatisfeito com as atitudes daqueles que dirigem o PSDB de Araguaína”. E a gota d’água, segundo o vereador, foi a reunião organizada pela diretoria do partido na Câmara de Vereadores, quando Cleudo não foi convidado para participar e nem compor a mesa da reunião. Em seu lugar, para representar os vereadores de Araguaína, foi escolhido o vereador Gerônimo Cardoso (PMDB). Cleudo só foi lembrado como único legislador do PSDB na cidade durante o discurso do secretário Agimiro Costa.
Conselho
“Houve, inclusive, uma reunião com todas as lideranças que o apóiam para discutir a saída dele do partido, e já estava praticamente decidido que ele sairia do PSDB”, afirma Palito, “mas eu pedi para que ele tivesse paciência, que não tomasse nenhuma decisão precipitada. Ele tem até o dia 5 de outubro para sair, e eu fui conversar com a direção do PSDB sobre esse assunto”, completa.
Na reunião com o secretário Eduardo Siqueira Campos e com o deputado federal Eduardo Gomes, Palito expôs o problema e afirmou que ambos os políticos garantiram legenda para que Cleudo Negão saia candidato a vereador no ano que vem. Esse, segundo Palito, era um dos temores de Cleudo. “E o meu conselho, como amigo, também, foi que ele não saísse do PSDB. Mas a decisão que ele tomar, ele tem meu apoio”, reitera o deputado.
Caso Divino Bethânia
Raimundo Palito também confirmou que foi procurado pelo vereador Divino Bethânia Jr. (PP) por motivos de insatisfação com o partido. “Já estive duas vezes com ele, uma vez em Palmas e outra vez aqui, dando o mesmo conselho: que ele não saísse”, pontua o deputado. Uma das razões para este conselho, segundo Palito, é o risco que os legisladores correm de perder o mandato por infidelidade partidária.
“Isso aí tem que ser analisado direitinho, até porque eu também não dei motivos pra ele (Divino Bethânia) sair. Mas a decisão que ele tomar, tem meu apoio”, afirma.
Fontes afirmam que Bethânia também já procurou o deputado estadual César Halum (PSD) para negociar a sua ida para o novo partido.
Expectativa
Assim como os vereadores Cleudo Negão (PSDB) e Divino Bethânia Jr. (PP), o deputado revelou que outras pessoas ligadas ao seu grupo político, foram pedir sua opinião sobre a mudança de legendas. “E eu dei a liberdade de eles escolherem o partido que eles acharem melhor. Porque se eu indicasse um partido para um companheiro e ele não fosse eleito, e se ele ficasse em outro ele teria sido eleito, ele iria me culpar. Então onde eles estiverem, eu vou apoiar”.
Apesar de todos os burburinhos e ameaças, Palito acredita que todos ficarão em seus respectivos partidos. “Hoje não é brincadeira esta história de mudança de partido. Você pode provar que a legenda está discriminando um candidato, mas tem que ter provas, provas escritas, testemunhais, faladas através da imprensa, todas essas coisas. E já deveriam estar somando estas provas desde muito tempo, e não deixar para a última hora”, finaliza o deputado.